Introdução
Este trabalho foi produzido no
âmbito da disciplina de Design e Comunicação Visual lecionada pela professora
Cristina Ferreira, inserido no curso de Ciências da Comunicação: Jornalismo,
Assessoria e Multimédia da Universidade do Porto.
Teve como objetivo fazer o
discente entender a letra como matéria visual de representação fónica e como
grafismo autónomo da sua função textual; reconhecer a capacidade de
materializar conceitos, “dar forma” como uma característica da atividade
humana; além de entender a importância dos estudos de composição como forma de
conhecimento específico necessário à produção de discursos visuais. O discente
ao fim deste trabalho deve entender a tipografia enquanto linguagem capaz de
transmitir significado e evocar emoções para além das palavras faladas que simboliza.
Especificações do trabalho
O trabalho foi realizado no tamanho
A3.
A composição visual teria
que ter como base um texto de um artigo, notícia, texto narrativo/poesia ou uma
citação, e o discente deveria desenvolver uma composição apenas recorrendo a
elementos tipográficos. Nesta composição a letra deveria desempenhar um papel
manifestamente estético e simbólico, associado ao seu valor semântico. O texto
a utilizar não deveria ultrapassar as 500 palavras.
Neste trabalho foi utilizada como
base a música “Etnia”, por se entender também como um texto poético, do
grupo musical recifense Chico Science & Nação Zumbi.
O trabalho realizado é
acompanhado de uma memória descritiva e justificativa, que contextualiza
de modo detalhado as escolhas feitas pelo discente, ao nível da tipografia, concretização
gráfica e visual da proposta.
O discente ainda realizou uma recolha
fotográfica, considerando indispensável à concretização do projeto,
realizando um trabalho de pesquisa sobre exemplos de tipografia presentes no
quotidiano e relacionados com sua proposta. Além de um moodboard e fontes
bibliográficas, apresentadas ao fim deste memorial descritivo.
Composição visual final
Outras opções de composições
2. Memória descritiva
O presente
trabalho teve como base a música “Etnia”, do grupo musical
brasileiro Chico Science & Nação Zumbi, originários da cidade
do Recife, capital do estado de Pernambuco. Por ser entendida também como um texto
poético, a música se encaixou na proposta deste trabalho, contendo 163 palavras.
A música é parte do álbum “Afrociberdelia” de 1996 e canta sobre a etnia
brasileira tão miscigenada e culturalmente diversificada.
A banda é uma
das maiores representações do MangueBeat, um movimento e contracultura
surgido no Brasil a partir de 1991 em Recife, que mistura ritmos regionais,
como o maracatu, com rock, hip hop, funk americano e música eletrônica. O
movimento tem como principais características nas letras, críticas ao abandono
econômico-social do mangue, da desigualdade de Recife (sendo apenas um reflexo
do descaso do Estado fora do eixo de São Paulo.).
Foi criada uma composição
tipográfica que manifestasse um valor estético e simbólico, associado ao seu
valor semântico. Ao serem expostos elementos visuais que caracterizassem a
mensagem transmitida pela música, e contextualizassem o leitor/visualizador, no
âmbito da cultura brasileira, nordestina principalmente. Expondo assim um cenário
cultural riquíssimo e cheio de referências, dando a conhecer sobre tal, por
meio da composição final.
A composição
visual foi criada fazendo uso do software Adobe Illustrator, no tamanho A3 e
todos os elementos utilizados são de criação própria da discente deste trabalho.
A seguir, serão
explicados e justificados os usos de cada um dos elementos presentes na
composição tipográfica final deste trabalho.
Etnia
Chico Science & Nação Zumbi
Somos todos juntos uma miscigenação
E não podemos fugir da nossa Etnia
Todos juntos uma miscigenação
E não podemos fugir da nossa Etnia
Índios, brancos, negros e mestiços
Nada de errado em seus princípios
O seu e o meu são iguais
Corre nas veias sem parar
Costumes, é folclore, é tradição
Capoeira que rasga o chão
Samba que sai da favela acabada
É hip hop na minha embolada
É povo na arte
é arte no povo
E não o povo na arte
De quem faz arte com o povo
E não podemos fugir da nossa Etnia
Todos juntos uma miscigenação
E não podemos fugir da nossa Etnia
Índios, brancos, negros e mestiços
Nada de errado em seus princípios
O seu e o meu são iguais
Corre nas veias sem parar
Costumes, é folclore, é tradição
Capoeira que rasga o chão
Samba que sai da favela acabada
É hip hop na minha embolada
É povo na arte
é arte no povo
E não o povo na arte
De quem faz arte com o povo
Por de trás de algo que se esconde
há sempre uma grande mina de conhecimentos
e sentimentos
Não há mistérios em descobrir
O que você tem e o que você gosta
Não há mistérios em descobrir
O que você é e o que você faz
E o que você faz
Maracatu psicodélico
Capoeira da pesada
Bumba meu rádio
Berimbau elétrico
Frevo, samba e cores
Cores unidas e alegria
Nada de errado em nossa "Etnia".
há sempre uma grande mina de conhecimentos
e sentimentos
Não há mistérios em descobrir
O que você tem e o que você gosta
Não há mistérios em descobrir
O que você é e o que você faz
E o que você faz
Maracatu psicodélico
Capoeira da pesada
Bumba meu rádio
Berimbau elétrico
Frevo, samba e cores
Cores unidas e alegria
Nada de errado em nossa "Etnia".
Justificativa dos elementos utilizados na composição
tipográfica
Foi criada neste trabalho, na
parte de cima, a imagem do cangaceiro Lampião, personagem histórico e característico
da cultura do nordeste brasileiro. Totalmente criado pela discente por meio do
software Adobe Illustrator, fazendo uso somente das letras que compõem as fontes
“Xilosa” e “Eldes Cordel”.
Há todo um contexto cultural e
tradicional acerca da escolha destas fontes tipográficas. São fontes sem
serifa, criadas manualmente e por isso são características da cultura brasileira
e não se encaixam em nenhuma família tipográfica.
Ambas as fontes são características
da literatura de cordel brasileira, que se trata de um gênero literário
popular escrito frequentemente na forma rimada, originado em relatos orais e
depois impresso em folhetos com uso de xilogravura, que é a técnica de
gravura na qual se utiliza madeira como matriz e possibilita a reprodução da
imagem gravada sobre o papel ou outro suporte adequado. É um processo muito
parecido com um carimbo.
Este trabalho teve como
inspiração o trabalho de xilogravura em cordéis do artista brasileiro J.
Borges, também originário de Pernambuco. Por isso, por ter a
banda Chico Science e Nação Zumbi e o próprio Lampião também originários
do mesmo estado, a bandeira de Pernambuco foi criada na parte inferior
da composição, utilizando trechos da música “Etnia” para dar
forma aos seus elementos tradicionais com tipografia. Usando também as fontes “Xilosa”
e “Eldes Cordel”.
O uso de cores ser preto e branco
na maioria da composição se refere aos cordéis, que ao serem criados com a
técnica da xilogravura, possuem caracteristicamente estas cores, sendo uma
composição “em negativo” praticamente.
As outras cores são utilizadas
por serem próprias da bandeira de Pernambuco e o chapéu marrom com estrelas
amarelas ser o tradicional chapéu de cangaceiro, símbolo da cultura nordestina.
Elementos tipográficos
·
Fontes “Xilosa” e “Eldes Cordel”
·
Bandeira de Pernambuco
3. Pesquisa, recolha fotográfica e moodboard
A discente fez uma recolha fotográfica
com fotos de sua autoria, sobre exemplos de tipografia presentes no cotidiano e
relacionados com sua proposta.
A discente realizou ainda uma pesquisa e fez um moodboard na
plataforma Pinterest para reunir imagens como inspiração para seu projeto
final. Aqui seguem os printscreens do moodboard:
Fontes bibliográficas para a pesquisa:
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